Dada a largada da corrida pela estatueta. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (EUA) divulgou a lista de indicados ao Oscar 2021. Nesse ano, as indicações tanto trouxeram diversidade social e cultural à premiação como promoveram alguns marcos históricos na histórica do evento mais famoso do cinema mundial.

Primeiramente, um grande viva à Viola Davis que se tornou a atriz negra mais indicada na história do Oscar. Nomeada na categoria de Melhor Atriz por sua performance em “A voz suprema do blues”, Davis chegou à quarta indicação de sua carreira. Além de Viola, a atriz negra Andra Day também disputa a estatueta por “Os Estados Unidos Vs Billie Holiday”. É a primeira vez, em 93 anos de premiação, que duas atrizes negras concorrem à categoria de Melhor Atriz.

Igualmente surpreendente é a indicação, pela primeira vez, de três atores negros em uma mesma categoria (Melhor Ator Coadjuvante): Leslie Odom Jr. por “Uma noite em Miami” e Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield, ambos por “Judas e o messias negro”.

Além disso, também pela primeira vez na história da premiação, duas mulheres foram indicadas ao Oscar de direção: Chloe Zhao (por “Nomadland”) que hoje aparece como a grande favorita após as vitórias no Globo de Ouro e no Critics Choice Awards e Emerald Fennell (por “Bela Vingança”). Havia ainda a possibilidade de Regina King ter sido indicada por “Uma noite em Miami”, o que faria dela a primeira mulher negra a concorrer nessa categoria. Apesar dessa ausência, a presença de uma chinesa como favorita ao prêmio é um fato considerável, visto que apenas uma mulher venceu essa categoria em toda a trajetória do Oscar (Kathryn Bigelow, pelo trabalho em “Guerra ao Terror). Chloe Zhao foi ainda indicada a mais três prêmios: filme (ela é uma das produtoras do longa), roteiro adaptado e montagem.

Outras curiosidades importantes do Oscar 2021:

Apesar de ser norte-americano de nascimento, o cineasta Lee Isaac-Chung (diretor do filme Minari) é, de certa forma, o segundo realizador coreano indicado ao Oscar. O primeiro foi o fenômeno Bong Joon-ho, que não só foi indicado como venceu por “Parasita” em 2020.  

Ainda falando dos coreanos, Steve Yuen é o primeiro ator norte-americano de origem asiática indicado ao Oscar de Melhor Ator e Yuh-Jung Youn a primeira atriz coreana indicada à premiação (ela concorre na categoria Melhor Atriz Coadjuvante). Vale ainda destacar a presença de Riz Ahmed na categoria de Melhor Ator pelo filme “O som do silêncio”. Ahmed é o primeiro ator mulçumano de origem paquistanesa indicado ao Oscar.

Por fim, este possivelmente será o Oscar a ter uma terceira vitória póstuma em sua história. Afinal, Chadwick Boseman (o eterno pantera negra) aparece como favorito para ganhar a estatueta de Melhor Ator por “A voz suprema do blues”. Caso saia vitorioso, o ator entrará para uma galeria restrita de atores negros que venceram nessa categoria como Sidney Poitier e Denzel Whashington.  

Como é possível ver, os membros da Academia parecem estar optando a cada ano por filmes que tratem de temáticas sociais que perpassam ou perpassaram a história de grupos considerados socialmente minoritários (negros, mulheres, estrangeiros) ao mesmo tempo em que têm aberto espaço para o protagonismo negro e feminino e para filmes que, mesmo sem falas em inglês (é o caso de “Minari”, que concorre na categoria de Melhor Filme e dos longas que indicados a Melhor Filme Internacional), conseguem ser compreendidos por reverberar a necessidade global de que precisamos estar ligados uns aos outros (independente das similitudes de raça, nacionalidade, gênero, etc), seja na vida cotidiana ou por meio da ficção.

A cerimônia do Oscar está marcada para acontecer no dia 25 de abril. Segundo a organização, o evento será presencial, mas, por causa da pandemia do coronavírus, a transmissão ao vivo acontecerá de vários locais diferentes. Outros detalhes sobre as mudanças preparadas para o dia do evento ainda não foram divulgados